20100810

Os caminhos para o eleitor escolher seu candidato

Com poucas vagas, mas muitos candidatos, o eleitor não terá uma tarefa fácil no próximo dia 3 de outubro, quando terá que ir as urnas para escolher seus novos representantes. Ao todo, nove políticos disputam a cadeira de presidente. Mais de 168 candidatos tentam o cargo de governador de Estado e 217, o de senador. O número é ainda maior entre quem tenta uma cadeira na Câmara e nas assembleias legislativas estaduais: são 6.004 candidatos a deputado federal e 14.285 a deputado estadual.

Entre tantas opções, como escolher aqueles que melhor representarão suas ideias no poder? Como escapar dos candidatos que já estão nas malhas da corrupção? Para Fabiano Angélico, coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil, um dos maiores desafios para os eleitores é a falta de informações. Segundo ele, é preciso – e fundamental – fazer um esforço para conhecer a história e os projetos dos candidatos e partidos nos quais se pretende votar.


Além da grande quantidade de candidatos, explica o professor de ciência política da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), Pedro Rocha Lemos, um complicador é que os partidos estão cada vez mais parecidos.

- O enfraquecimento dos partidos atrapalha muito a escolha, porque fica uma coisa pessoal. Vota-se em um candidato e não em um programa, em um conjunto de ideias e propostas.

Na hora de votar, Lemos recomenda levar em conta o interesse público e não questões particulares. Ele diz que “o processo eleitoral vem amadurecendo, mas a história do Brasil é marcada pelo ‘troca-troca’”.

- Votar é complexo, mas ninguém pode ficar alheio. Eleger é uma coisa muito séria. São quatro anos que a pessoa vai governar em nosso nome.

Para não deixar a escolha para a última hora ou não desperdiçar o voto, veja algumas dicas dadas pelos especialistas.

1. O que você espera do futuro do seu país?

O que você pensa sobre a pena de morte ou sobre a quantidade de impostos no país? Antes de definir o voto, vale pensar sobre sua posição em relação a temas importantes para o país ou para o Estado. O ideal é procurar um candidato que pense de forma parecida com você, porque é ele que irá representá-lo em cargos que decidem os rumos da sociedade.

2. Você já pesquisou a vida do seu candidato?

Busque informações sobre a biografia daqueles que tentam um cargo público nos sites oficiais do candidato ou do partido e em meios de comunicação confiáveis. Fabiano Angélico recomenda verificar se o candidato já foi eleito alguma vez. Em caso negativo, é importante saber o que ele fez – se já participou de algum movimento social ou já defendeu algum assunto de interesse público, por exemplo. Procure saber também se o candidato novato pertence a alguma família com tradição política – assim dá para ter alguma ideia das posturas que ele poderá ter caso seja eleito.

3. Conhece as ideias que seu candidato defende?

Caso o seu candidato tenha ocupado um cargo no Poder Público, descubra que projetos ele já propôs e quais foram aprovados. O site do Projeto Excelências, da Transparência Brasil, permite ver o que os parlamentares já fizeram na sua vida pública – até o grau de relevância dos projetos apresentados podem ser checados. Os sites da Câmara e do Senado também têm informações. Caso seu candidato nunca tenha se elegido, procure saber quais bandeiras ele levanta.

4. Você votaria em alguém corrupto?

Uma forma de evitar votar em quem está envolvido em casos de corrupção é saber se ele já foi condenado na Justiça. Neste ano, o Congresso aprovou uma lei, conhecida como Ficha Limpa, que impede políticos condenados por crimes graves em decisão de órgãos colegiados (em que mais de um juiz se pronuncia) de disputarem as eleições. A Abracci (Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade), um grupo de organizações sociais, criou um site para que os candidatos prestem contas voluntárias de suas campanhas eleitorais. O site está disponível em dois endereços, o Ficha Limpa e o Ficha Limpa Já.

5. Que propostas concretas seu candidato têm?

O cientista político Lemos lembra que não adianta votar em quem só promete e não tem propostas concretas para melhoria da sociedade e da economia. Lemos sugere avaliar bem os discursos dos candidatos e evitar discussões centradas em “denuncismos”, ataques pessoais e troca de farpas entre os candidatos.

6. Você aproveita o horário eleitoral na TV e no rádio?

Para Fabiano Angélico, os horários eleitorais na TV e no rádio não são as melhores fontes de informação, por se tratarem apenas de propagandas, em geral, muito bem elaboradas por marqueteiros. Lemos sugere assistir ou ouvir prestando atenção nas propostas, porque, segundo ele, algumas inserções conseguem mostrá-las de maneira criativa. Ele lembra é precisa ter cuidado com o marketing, porque, em geral, são as campanhas mais ricas e com apoio de grupos econômicos que conseguem ter boa exposição midiática. Candidatos que arrecadam menos também podem ser boas opções, vale analisar.

7. Você sabe usar bem a internet?

Na hora de fazer pesquisas sobre a trajetória do candidato, cuidado para não acreditar em informações falsas. Em época de eleições, é grande a quantidade de blogs ou perfis de Twitter que disseminam boatos e até ofensas sobre candidatos. A Justiça Eleitoral também está de olho nisso, mas vale ter atenção.
Fonte: R7

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