20100621

Twitter, pra que te quero?

 O microblog foi o astro da semana, como já ocorreu anteriormente e certamente acontecerá em inúmeras outras ocasiões. Alguém aí pensou no cometa “Cala a boca, Galvão”? Acertou, mas não é só isso.



Twitter, da piada à informação em segundos
Também é possível lançar um olhar interessante sobre a repercussão da notícia da morte do escritor José Saramago, ocorrida na sexta-feira, que pode ser um bom contraponto – ou complemento, depende do ponto de vista – à “peraltice” de alcance mundial do caso Cala a boca, Galvão”. Explico. 

A pilhéria com o principal locutor do maior grupo de comunicação do Brasil ganhou o mundo de uma maneira impressionante e, até certo ponto, surpreendente: como uma piada interna – algo que só nós, brasileiros, sabíamos do que se tratava, os gringos não entendiam – alcançou a liderança mundial no Twitter? Os brasileiros fomentaram de tal forma a hastag “CALA BOCA GALVAO” (escrita dessa forma) que a tornaram a mais popular do planeta durante alguns dias. 

A brincadeira virou vídeo à lá BBC para supostamente salvar os pássaros da espécie “Galvão”. Deu até no New York Times, no La Reppublica, no El País. Foi trend topics na cabeça. 

Então alguns, como se viu em tweets e artigos em sites, questionaram se o microblog não deveria ser usado para um fim mais nobre que simplesmente aporrinhar Galvão Bueno. 

Trocando em miúdos, o Twitter seria um brinquedinho, um divertimento de proporções gigantescas – e perigosas. Por que não usar essa força de mobilização no microblog também para acabar com a corrupção, para defender a adoção de uma nova matriz energética que emita menos poluentes, para fiscalizar o poder etc? Faz todo sentido: se temos um canal democrático, livre e poderoso nas mãos, por que não usá-lo para causas em defesa do bem comum? 

Saramago e a agilidade da informação

Mudemos agora o foco para o único escritor de língua portuguesa a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura. Com a notícia da morte de José Saramago, o Twitter mais uma vez se mostrou poderoso como canal para difundir uma informação, considerada relevante por uma parcela importante dos usuários. 

Quem acompanha o perfil do Ministério da Cultura do Brasil no microblog, por exemplo, ficou sabendo por volta das 8h30 da morte de Saramago, por meio de um tweet que dizia:

“Um minuto de silêncio, na reunião de ministros da Cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, pela morte de José Saramago” 

A Rede Globo deu a notícia no intervalo da partida Alemanha e Sérvia, por volta das 9h15. Para citar alguns exemplos na internet brasileira, o Terra publicou às 9h12, UOL (9h15), Folha.com (9h18), G1 (9h19), Estadão (9h22), R7 (9H24), iG (9h25), O Globo (10h02). 

No momento em que o Ministério da Cultura – que não é uma empresa de comunicação, diga-se -, tuitou a notícia, o site do jornal espanhol El Pais já trazia a matéria sobre o assunto, assim como o português Diário Digital. 

Ok, e daí? 

O que podemos depreender disso? Que quem quer saber primeiro, estar a par das tendências, ficar informado no momento em que a notícia acontece, tem no Twitter um aliado imbatível. No caso de Saramago, muitos brasileiros souberam da morte do escritor primeiro pelo Twitter, e lá começaram a comentar o assunto. Só mais tarde os veículos nacionais de comunicação entraram na história. 

Imagine que esse mesmo fenômeno pode acontecer com qualquer outro assunto – sucessão presidencial, um projeto de lei importante em discussão na Câmara etc. 

Até aí, é possível que alguns, como o usuário do Twitter @Alelex88, escrevam: “só soube agora que saramago morreu. diferença que fez no meu dia: 0,0%”, na transcrição literal.

Por isso, repito, minha argumentação é no sentido de quem quer estar atualizado e em sintonia com determinados assuntos. 

Mas o Twitter também tem serventia para serviços úteis no cotidiano. Pense no caso de informações em tempo real sobre a situação no trânsito. O perfil da CET-RJ é um exemplo: informa onde há acidentes, onde a via está travada e rotas alternativas. Neste caso, saber rapidamente faz diferença.

Atenção para os “poréns”

Mas cabem aqui uma ressalva e um alerta. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que não estou aqui a valorizar em demasia o fato de dar uma notícia dois, cinco ou quantos minutos forem antes dos outros. Mas sim de analisar a forma e a função de uma determinada ferramenta de comunicação. 

Como é ágil e tem um poder de “viralização” impressionante, o Twitter já se consolidou como uma ferramenta de comunicação imprescindível, que faz parte do dia-a-dia de milhões de pessoas mundo afora e influencia debates. 

Agora, o alerta: justamente por causa das características aqui exaltadas – agilidade e poder de propagação -, o Twitter representa um risco para os profissionais de comunicação, se mal utilizado: uma informação infundada no microblog pode deflagrar um problemão, assim um retweet em cima de notícia equivocada (já paramos para pensar no que significa dar um retweet?). 

Em outras palavras, para os jornalistas e demais profissionais de comunicação, o Twitter é uma ótima referência para ficar antenado, ter pistas para apuração e sair na frente. E também permite sentir a “temperatura” do público, os temas em evidência, as discussões capazes de mobilizar as pessoas. É um grande aliado, mas que exige atenção redobrada. E permanente. 
Fonte: IDG Now | Nave Digital

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