20100518

Redes sociais temáticas crescem rápido

Priscila Jordão
Foto: Alexandre Battibugli
Carolina Kawauchi: criações de moda mostradas na rede byMK
Redes sociais segmentadas crescem, diversificam-se e ampliam seu público.

A estilista Carolina Kawauchi, de 29 anos, descobriu na comida japonesa uma inspiração para criar roupas e acessórios de moda em forma de sushi e de outros itens da gastronomia oriental. 

Assim surgiu a grife Sushi. C. Mas você não vai encontrar tais criações em lojas. Carolina vende suas peças pela internet e em feiras e bazares. Por isso, dedica cinco horas de seus dias para usar redes sociais e divulgar seu trabalho. Embora visite o orkut e o Facebook, Carolina escolheu como base o byMK, rede brasileira especializada em moda. Lá, encontra um público com interesses semelhantes aos seus e tem mais chances de ser bem-sucedida nos negócios.

Redes sociais como o byMK estão ganhando espaço na internet e têm sido descobertas por mais gente que quer se focar num tema. “A ideia é ter pessoas de um segmento específico, que entendam e se interessem muito por determinado assunto”, diz Elizabeth Saad, professora da Universidade de São Paulo especializada em mídias digitais.

A tendência é que as redes temáticas cresçam, mas sem disputar público com as grandes. Elas devem complementar discussões e espaços que as mais gerais não preenchem. No Brasil, o terreno é fértil. Aqui, a média mensal de tempo gasto em redes sociais é de 6,3 horas, e o número de páginas vistas por pessoa chega a 1 220. É quase o dobro da média mundial, de 3,7 horas. Os brasileiros perdem apenas para os russos, que assinalam 6,6 horas mensais.

Mais redes sociais? 

No Brasil, 70% dos internautas têm perfil em pelo menos uma rede social. Isso não quer dizer, no entanto, que todo mundo encontre o que busca no orkut ou no Facebook. Por reunir muita informação, eles acabam sendo genéricos demais, sem filtros. Enquanto você procura um dado de seu interesse, convive com atualizações dos contatos, descobre que eles ganharam uma vaquinha no FarmVille ou que saíram com os amigos no fi m de semana. Nas redes temáticas, isso dificilmente ocorre, já que supostamente todos estão lá para conversar sobre o assunto principal.

Os aplicativos são um diferencial. Com eles, as redes sociais ampliam as discussões encontradas em fóruns. Duas delas, especializadas em livros, Skoob e O Livreiro, catalogam obras na estante virtual dos usuários. “Existem ferramentas no orkut para indexar livros ao perfil, mas elas são muito bagunçadas”, afirma Lindenberg Moreira, criador do Skoob (books ao contrário). A rede reuniu em um ano 140 000 usuários interessados em discutir e resenhar seus títulos preferidos. No byMK, um aplicativo permite que Carolina crie looks misturando fotos de roupas, inclusive de suas criações. O Vaga-Lume, de música, transmite faixas por streaming e monta tabelas com as canções mais ouvidas. Já o Ikwa, sobre educação e carreira, cria gráficos animados com divisões das áreas do conhecimento em profissões e mostra as instituições de ensino que oferecem os cursos.

A gigante americana Converdge, dona de redes de sucesso no exterior, investiu alto para montar aqui o Kigol, lançado em fevereiro. Falando sobre futebol, ela agrega resultados de jogos, notícias de portais e atualizações sobre jogadores e clubes. Segundo Vinicius Neves, diretor da rede, a intenção é fechar contrato com jogadores como Rogério Ceni, para que eles atualizem suas próprias páginas. “Estudiosos acreditam que a soma de informações promovida pelas redes sociais não ocorre em outro ambiente de forma tão natural”, diz Elizabeth Saad. Isso reforça a aposta do Kigol.

Hora de fazer dinheiro 

Embora as redes temáticas estejam no país há pouco tempo, empresas e agências de publicidade se mobilizam para tirar delas o máximo proveito. No caso de O Livreiro, ao mesmo tempo em que se aproxima dos aficionados por livros, a parceira Livraria Cultura oferece seu produto com exclusividade pela rede.

A dona do Kigol aposta na receita publicitária obtida com anúncios segmentados. Se as fabricantes de produtos esportivos conseguem localizar exatamente o público-alvo de chuteiras e camisetas, a taxa de conversão dos anúncios tende a ser maior. E a boa notícia para as redes temáticas é que a pequena verba que as empresas destinam à internet (em média 4% da verba publicitária) tende a aumentar. “Ainda que elas sejam pouco representativas no momento, os investimentos tendem a crescer porque o retorno é quase garantido”, diz Henrique Vieira, diretor da BG Interativa, companhia de marketing online.
Fonte: INFO Online

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