20100922

Ashton Kutcher: o Twitter já era suficiente

Por Danilo Venticinque
 A história é digna de Hollywood: um jovem boa-pinta é recrutado por olheiros e larga a faculdade para trabalhar como modelo. Descoberto pelos grandes estúdios, atua em algumas comédias românticas e se casa com uma das atrizes mais desejadas do planeta. De quebra, seus comentários bem-humorados sobre o cotidiano viram hit e ele se torna uma das maiores celebridades da internet mundial, com mais de 5 milhões de seguidores no Twitter. O roteiro seria perfeito, se não fosse por um detalhe: Ashton Kutcher decidiu continuar a fazer filmes.

Par perfeito, que estreia no Brasil nesta semana, é a mais nova empreitada cinematográfica do ator, e um de seus maiores fracassos. Lançado em junho nos Estados Unidos, arrecadou apenas US$ 47 milhões no país, embora tenha custado mais de US$ 75 milhões, de acordo com os produtores. Como costuma ocorrer em casos como esse, as vendas de ingressos no mercado internacional diminuíram o prejuízo e devem levar a um lucro de cerca de US$ 10 milhões. É melhor do que o desastre anunciado há dois meses, mas uma ninharia para os padrões de Hollywood.

É difícil não culpar Kutcher pelo mau desempenho do filme. Em Par perfeito, ele interpreta Spencer, um agente secreto responsável por eliminar inimigos do governo. No meio de uma de suas missões, apaixona-se pela bela Jen (Katherine Heigl) e decide trocar a vida de matador pela rotina de homem casado. O plano funciona bem por alguns anos, até que seu ex-chefe volta à cena e põe em risco a vida e o casamento de Spencer. Nas mãos de outro ator, a mistura de romance, comédia e ação poderia render momentos impagáveis. A interpretação de Kutcher, porém, não convence em nenhum dos gêneros – e piora quando os três se misturam. Não importa se o personagem está explodindo um helicóptero, fugindo de seus vizinhos, flertando embaixo da mesa ou andando de sunga no elevador do hotel: a julgar pelas inalteradas expressões faciais do ator, não há nenhuma diferença entre todas essas situações. Com tanto charme, não há público que resista.

Para quem ainda acha que as mensagens curtas do Twitter são insuficientes para a comunicação, Ashton Kutcher é a refutação definitiva: o ator consegue ser mais expressivo em 140 caracteres de texto do que em 93 minutos de filme. Se você quiser se divertir com Kutcher, siga o perfil @aplusk no Twitter – e fique longe dos cinemas.
Fonte: Revista Época

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