20100528

Vira 5 e acaba 10!

Por Gil Giardelli
 
As vésperas da Copa do Mundo, Gil Giardelli compara o futebol com a democracia das redes sociais. Confira!

Em tempos de copa do mundo, vou ousar e comparar o futebol com a democracia das redes sociais! Pode criticar ou aplaudir. Só não vale xingar a mãe do técnico! Neste caso, eu! Seria o futebol na nossa tenra infância, com seus passes, dribles e abraços a cada gol, a nossa primeira rede social coletiva? Para alguém como eu, que cresceu em uma megalópole, no centro da locomotiva paulistana? Nosso campinho de futebol era espremido entre prédios. Durante a semana, era um estacionamento sem graça! Nos finais de semana, nosso Maracanã, Morumbi, nosso templo futebolístico. 

Gol, Gol! Todos se abraçavam! Ninguém se preocupava, se o amigo era o filho do zelador, do pedreiro ou do empresário bem sucedido! Lá, éramos garotos sonhadores! Todos iguais. Enxergo a similaridade entre nosso campinho e a internet de hoje - Cosmopolita, universalista, não sectária e não monopolizadora. Era só chegar e jogar. Sempre cabia mais um. O golzinho era feito de dois tijolinhos ou latinhas, a releitura da inteligência universal, na qual todas as mensagens do Twitter ganharam um arquivo na biblioteca do Congresso USA! Geniais ou medíocres! Todos estarão lá! 

Quando vinha o guarda do estacionamento e nos despejava do “nosso” campinho, seria uma releitura da ACTA, apelidada de Lei Global Sarkozy? Uma lei que pretende por fim a liberdade, negociada em segredo durante dois anos por dezenas de países e se aprovada nos proibirá de ter blogs ou simplesmente twittar!

Os patrocinadores desta lei global são os mesmos que se propagam por aí! A internet enlouqueceu este mundo – Pais colecionam figurinhas da Copa do Mundo e crianças pulseiras de sexo.

Voltemos ao jogo. “Divide os times. Cinco para cada lado. Sem camisa contra o resto.” Enxergou a democracia digital que fez o Dalai Lama sorrir novamente, que depois de 50 anos conversou via Twitter com pessoas na China? 

Se o seu campinho era em uma rua sem saída ou em uma ladeirinha, não tem problema. É como na web, que com criatividade e inovação faz todo mundo participar. No projeto #doepalavras você ”Tweeta” uma frase de ajuda e ela é enviada para uma das 30 TVs, confortando pessoas internadas em um hospital.

O jogo sempre vira 5 e acaba 10 e todo mundo joga. Como na internet, onde uma doce menina passa por um problema de saúde e quase se vai! Quando ela se recupera chama todos os amigos para jogarem no #Veiasocial, um local que une quem deseja receber ou doar sangue. Na Copa do Mundo “são homens e mulheres, de todas as latitudes e conectados” de olho nas grandes jogadas! Seria como as 600 mil Lan houses no Brasil, ensinando e conectando pobres e ricos na maior plataforma de relações que a humanidade já conheceu?

O futebol da molecada é como a internet na era das redes sociais, na qual um leva a bola e todos jogam compartilhando abundância e gratuidade. Como a Academia Real de Shakespeare acaba de lançar Romeu e Julieta em 4.000 Tweets e todo mundo pode palpitar na vida do casal secular.

Quando a torcida grita aperta, rouba a bola! Lembre-se do site propublica, ganhador este ano do maior prêmio de jornalismo – O Pullitzer – onde seu mantra é: roubem nossas histórias e espalhem por aí.

Para os países da África, Ásia, Oriente Médio e Oceania que não estão jogando a Copa, estas pessoas deixam sua nacionalidade de lado, e entram na rede social de torcedores canarinhos! Avante Brasil!

A lenda urbana diz que nos dias de jogos do Brasil as guerras param! Na internet, é igualzinho, em Índios online dezenas de etnias indígenas deixaram suas guerras milenares de lado e se conectaram. No projeto 6 milhões de vozes do Goodplanet.org, vale a pena assistir o que milhares de anônimos em 192 países acham sobre esporte, política e religião. 

Enxergou! No futebol e na Internet, a violência não é mais possível! Se não, você leva cartão vermelho. Nossas partidas acabavam com todos sorrindo e com um refrescante mergulho nos chafarizes da Praça da Sé! A cada jogo de futebol na rua, eu sem saber, na tenra inocência da minha infância estava aprendendo sobre a profissão que amo!

Hoje, olhei para as minhas doces lembranças e percebi que precisamos olhar para o passado e não podemos usar velhos mapas para descobrir novas terras sem olhar para o futuro. No futuro, somos a soma de cada passe e clicada que compartilhamos! 

Boa Copa!
Fonte: HSM Online

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