20100202

Criador do Formspring explica fama no Brasil

Ade Olonoh, CEO do Formspring: criador acredita que site de perguntas anônimas não é um fenômeno de curta duração

O site de perguntas anônimas formspring.me passou na primeira fase de provação da internet: manteve o alto número de acessos no primeiro mês de existência.

No Brasil, o estranho fenômeno dura uma semana. Nem mesmo os americanos, donos do serviço, conseguem explicar o porquê. Da noite para o dia, o site, que foi lançado no dia 25 de novembro, ganhou fama no maior país da América Latina, congestionando a navegação tranquila de outrora.

Só agora, depois de estagnar de vez sua cria online, Ade Olonoh, dono do formspring.me, concedeu uma entrevista não-anônima para INFO Online, a fim de tentar explicar o que está por detrás do sucesso de um simples site de perguntas e respostas.
Para começar, Olonoh esclarece que há uma diferença entre Formspring e formspring.me; o segundo termo, referente ao produto recém-lançado, surgiu a partir do primeiro, que serve como nome da empresa de serviços online em que ocupa o cargo de CEO.

O empreendedor diz também que sua rede de perguntas anônimas, ao contrário do que afirmam os críticos, não é mais um recurso narcisista. Segundo ele, o formspring.me é uma plataforma que permite compartilhamento de idéias como nenhuma outra jamais fez; e diz mais: não visa lucrar com ela.

“Queremos apenas que o site cresça, tornando-o ainda mais divertido de usar”, afirma Olonoh (sim, isso lembra o conhecido papo de Biz Stone, co-fundador do Twitter, nos primórdios do serviço de microblog).

Confira a entrevista completa a seguir.

INFO: De onde surgiu a ideia de criar um site de perguntas anônimas?

ADE OLONOH: Observamos que, meses atrás, as pessoas estavam criando simples “caixas de comentários” usando Formspring.com e usando-o principalmente no Tumblr, e pedindo a seus amigos/ seguidores para que fizessem perguntas anônimas. Vimos isso crescer e evoluir ao longo do tempo. Isso obviamente não era o que o Formspring.com estava designado para realizar, então nós pensamos que poderíamos lidar melhor com o uso, criando um local completamente separado e adequado para isso. Nós lançamos o formspring.me oficialmente em 25 de novembro.

INFO: Os brasileiros representam quanto da audiência?

ADE OLONOH: Nós não estamos prontos para compartilhar os números reais ainda, mas como você pode perceber por posts em blogs, Twitter e outras redes sociais, o uso tem crescido vertiginosamente a cada dia. Nós podemos dizer definitivamente que vimos um enorme crescimento no Brasil do dia para a noite. O Brasil já é o segundo país que mais gera tráfego para o site, atrás dos Estados Unidos.

INFO: Se este sucesso continuar, pretende lançar uma versão em português em breve?

ADE OLONOH: Atualmente não temos planos de ter suporte para outras línguas, mas nós continuamos a adicionar funcionalidades baseadas nas necessidades do usuário. Queremos construir um melhor produto para todos.

INFO: Orkut, uma rede social do Google, foi lançada em 2004 nos Estados Unidos, mas obteve maior sucesso em outros países, como Índia e Brasil, onde volta suas atenções atualmente. Você pode imaginar Formspring seguindo os mesmos passos, sofrendo uma espécie de “internacionalização adaptada”?

ADE OLONOH: Temos visto uma grande adoção do serviço em muitos e variados países, então não estamos certos de que poderíamos limitar nosso alcance a apenas um lugar do mundo. Os brasileiros com certeza aprovaram o serviço rapidamente e se tornaram um grande trunfo para nosso crescimento. Veremos o que acontece à medida que continuamos a crescer e a desenvolver o serviço.

INFO: Não teme que o site seja esquecido em poucas semanas, como muitos outros fenômenos da web?

ADE OLONOH: Penso que temos uma vida longa. O serviço acaba de ser lançado e vimos um grande crescimento, como já lhe disse. Se é crescente a utilização de serviços como Formspring.me, não posso duvidar que o site evolua como outros fenômenos e redes sociais.

INFO: Como vocês esperam lucrar com o Formspring?

ADE OLONOH: Neste ponto, não estamos focados em monetizar o serviço. Queremos apenas que o site cresça, tornando-o ainda mais divertido de usar. Temos a sorte de ter um grande negócio já no Formspring.com, assim há podemos fazer com que formspring.me continua a crescer sem receita adicional.

INFO: Quantas pessoas trabalham com você?

ADE OLONOH: Formspring emprega sete pessoas atualmente e nós estamos avaliando nossos planos de crescimento para 2010.

INFO: E quais são os próximos planos em relação ao site? Pode adiantar quais serão os próximos recursos?

ADE OLONOH: Nós vamos continuar a avaliar o produto e a ouvir o feedback dos usuários. Estamos faz apenas um mês no ar, então, qualquer especulação para novos recursos é prematura. Mas posso adiantar que queremos fazer algo mais fácil e divertido de usar.

INFO: O que você acha dos críticos que dizem que formspring.me é mais uma rede social que contribui para a “cultura do narcisismo” na internet, onde todos usam a mídia para celebrar a si mesmos?

ADE OLONOH: Pensamos em diversas maneiras; formspring.me apresenta uma plataforma para que as pessoas sejam muito menos egocêntricas do que em outros sites sociais. Todo mundo gosta de falar de si até certo ponto, mas a maioria não está muito confortável de difundir informações sobre seus interesses e atividades sem limites. Se você responde a questões de outros no formspring.me, a conversação é muito mais natural. Você também sabe que pelo menos uma pessoa está à procura de uma resposta sua – não há a sensação de que você está transmitindo informações que ninguém se preocupa ou que ninguém queira ouvir.

INFO: Se você pudesse fazer uma questão para uma celebridade ou político anonimamente, para quem e o que seria?

ADE OLONOH: Se dissesse a quem e o que quero perguntar, isso não seria mais anônimo, então não faria (risos).

Guilherme Pavarin, de INFO Online

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